As últimas três décadas representam o que os filósofos do cinema chamam de renascença dos estudos fílmicos. O simples fato de se usar a expressão “filósofos do cinema” já é em si significativo. Apesar dos primeiros estudos sobre cinema terem sido desenvolvidos por filósofos a filosofia, de modo geral, negligenciou a jovem arte até o início dos anos 1980. No entanto, os mais importantes teóricos do cinema – André Bazin, Bela Balazs, Sergei Einsentein, Hugo Münsterberg, Rudolf Arnheim, Siegfried Kracauer, Edgar Morin mostraram desde o princípio a afinidade existente entre os estudos fílmicos e a filosofia. Estes teóricos desenvolveram reflexões filosóficas sobre ontologia do cinema, o filme como arte, a questão do realismo entre outras coisas.
Segundo
Noël Carrol há
duas razões para o
tardio interesse
da filosofia nos debates sobre cinema. A
primeira
diz respeito a uma questão histórica. Levaria algumas gerações
até haver filósofos o suficiente os quais pudessem envolver-se com o assunto de forma a criar uma “massa crítica” em filosofia do cinema. A segunda
está relacionada
ao rumo que a teoria do cinema tomou depois dos anos 1980 quando
voltou-se
para uma abordagem culturalista deixando
de lado
seu caráter filosófico. Deste modo, a
teoria do cinema deixou
um vácuo intelectual que foi apenas agora preenchido pelos
filósofos do cinema.
Hoje
podemos dizer que
a
filosofia
do cinema está consolidada como um importante subcampo da filosofia
da arte. Os
filósofos do cinema
resgataram problemas
tradicionais
dos
estudos fílmicos e
postularam
novas e intrigantes questões.
Dispomos
de
uma grande produção intelectual sobre questões
como: natureza do filme, autoria, narrativa, engajamento emocional,
gêneros cinematográficos, etc.
Porém
a questão que tem gerado
os
debates
mais intensos
é
a ideia do cinema
como filosofia.
De
acordo com os proponentes desta ideia alguns filmes são capazes de
filosofar. Há
diferentes abordagens quanto ao modo como os filmes poderiam
“fazer”
filosofia. Wartenberg, por
exemplo,
defende uma posição moderada sobre a questão dizendo que os filmes
fazem filosofia na medida em que apresentam visualmente experimentos
de pensamento. Mulhall,
por outro lado, defende que o
cinema
mais do que ilustrar
problemas
de filosofia é capaz de refletir sobre uma ampla
variedade de temas, sobre
sua própria natureza e sobre seu próprio status enquanto ficção.
Julian Baggini critica a posição de Mulhall afirmando que os filmes não são capazes de desenvolver argumentos para defender uma determinada ideia. Se por um lado a série Alien apresenta uma visão sobre como o mundo funciona, por outro, ela não explicita razões para defender que esta visão é acurada. Robert Sinnerbrink propõe uma postura diferente em relação a este problema. Ele defende uma posição não hierárquica da filosofia em relação ao cinema. Como que em um casamento ideal a filosofia e o cinema dialogariam cada um ao seu modo, mas em pé de igualdade.
O
simples fato do cinema como forma arte deveria, na verdade, ser motivo
suficiente para chamar
a atenção da filosofia; mas os
debates sobre a possibilidade de uma filosofia
fílmica e
suas diversas implicações sugere que é chegada a hora de levá-lo
a sério.
Julian Baggini critica a posição de Mulhall afirmando que os filmes não são capazes de desenvolver argumentos para defender uma determinada ideia. Se por um lado a série Alien apresenta uma visão sobre como o mundo funciona, por outro, ela não explicita razões para defender que esta visão é acurada. Robert Sinnerbrink propõe uma postura diferente em relação a este problema. Ele defende uma posição não hierárquica da filosofia em relação ao cinema. Como que em um casamento ideal a filosofia e o cinema dialogariam cada um ao seu modo, mas em pé de igualdade.